terça-feira, 17 de agosto de 2010

CHAT - Matéria FOLHAPE

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Três peças encerram mostra teatral

O evento “Sexualidade(s) e performance” encena obras onde sexo é tema central

HUGO VIANA

PEÇA “Chat”, no sábado, cria narrativa com seis histórias que se cruzam

Ao refletir sobre a produção teatral do Recife dos últimos dez anos, Rodrigo Dourado percebeu um tema que se repetia de forma variada: a representação em cena do sexo. Como um dos curadores da mostra “Sexualidade(s) e performance”, segmento que integra a programação da quarta edição do Seminário Internacional de Crítica Teatral, Rodrigo procurou sistematizar um recorte de quatro peças entre o grupo de narrativas pernambucanas e dessa forma ampliar esse debate sobre a maneira como o tema é reprocessado por diretores locais.

A mostra começou no fim de semana passado, com “Paloma para matar”, e continua hoje, com a encenação da peça “Fio invisível da minha cabeça”, às 20h, no Teatro Capiba. A obra é baseada no conto “Além do ponto”, de Caio Fernando Abreu, no livro “Morangos mofados”. É um monólogo de estrutura temporal fragmentada, em que o narrador descreve sua inquietação particular antes de encontrar uma pessoa. Nesse sentido, embora o texto de fato descreva a ação física da caminhada, é uma narrativa em que a grande potência da escrita é o que não é verbalizado e permanece interno ao protagonista. A direção é de Breno Fittipaldi e o protagonista solitário é o ator Henrique Ponzi. O ingresso custa R$ 10 (preço único).

Enquanto as outras três peças que fazem parte da mostra “Sexualidade(s) e performance” representam um tipo de retrospectiva dos últimos dez anos do teatro pernambucano, “Senhora dos afogados”, programada para esta sexta-feira no Teatro Hermilo Borba Filho às 19h, com entrada franca, é uma narrativa selecionada porque os curadores entendem que reforça uma espécie de perspectiva para a próxima década. “Escolhemos ‘Senhora’ porque essa peça apresenta o que acreditamos que irá fundamentar a linguagem dos próximos dez anos”, explica Luciano Rogério, um dos produtores do evento.

O espetáculo, inédito, encenado por Érico José e produzido pela Cênicas Companhia de Repertório, leva ao teatro um texto de Nelson Rodrigues que se passa em região praieira. Na peça de ecos freudianos, a praia é tão selvagem quanto os personagens, sendo palco para um enredo que aborda uma paixão entre pai e filha, e o ódio que a jovem sente da mãe, enquanto em narrativa paralela prostitutas são assassinadas por um serial killer.

O festival termina no sábado com a peça “Chat”, de Rodrigo Dourado, às 20h, no Teatro Joaquim Cardozo. É uma obra que mistura referências contemporâneas diversas, filtradas a partir de seis narrativas que se cruzam. Para conectar as histórias, a obra cria uma ambiência baseada na erotização e na capacidade de sedução que a internet exerce. “Dizer isso já virou meio que clichê, mas com a internet as pessoas se protegem atrás do monitor. Fazem tudo que gostariam e realizam fantasias”, explica Rodrigo. “‘Chat’ debate a experiência de não-contato físico. É algo curioso, porque quando a gente encena a peça, resgata no palco esse contato, essa relação ator-plateia, o ator suando, o corpo, a voz que pode falhar ou ser baixa, essa precariedade de um corpo de verdade, de uma pessoa real. Percebo que no Recife as pessoas não querem mais essa transa, preferem o cinema, algo acabado, editado e cortado. ‘Chat’ é também sobre essa transa teatral, sobre o contato entre corpos”, comenta o diretor. O ingresso custa R$ 10 e R$ 5 (meia).

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